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Resumo do Arcadismo

O Arcadismo é uma escola literária que surgiu na Europa no século XVIII, em meio à Revolução Industrial e ao Iluminismo. Também chamado de Neoclassicismo ou Setecentismo, o Arcadismo se caracteriza pela busca da simplicidade, da objetividade, da razão e da harmonia nas obras literárias, em oposição ao Barroco, que era marcado pelo exagero, pela complexidade, pela emoção e pelo conflito.

Contexto histórico do Arcadismo

O Arcadismo se desenvolveu em um período de grandes transformações na Europa, como o avanço da ciência, da tecnologia, da indústria e do comércio, que geraram o crescimento da burguesia e o declínio do absolutismo monárquico. Nesse contexto, surgiram os ideais iluministas, que defendiam a liberdade, a igualdade, a tolerância, o progresso e o uso da razão como guia para o conhecimento e a ação humana.

O Arcadismo também foi influenciado pela cultura clássica greco-romana, que valorizava a beleza, a ordem, a proporção e o equilíbrio nas artes. Os autores arcadistas se inspiravam na mitologia, na história e na literatura da Antiguidade, buscando retomar os princípios estéticos do Classicismo.

O Arcadismo teve início na Itália, em 1690, com a fundação da Academia da Arcádia, uma associação de poetas que pretendia renovar a literatura italiana, seguindo os modelos clássicos. A Arcádia era uma região da Grécia antiga, considerada um lugar ideal de paz, harmonia e felicidade, onde os pastores viviam em contato com a natureza. Essa imagem bucólica e idealizada da vida campestre foi uma das principais temáticas do Arcadismo.

O Arcadismo se espalhou por outros países europeus, como França, Espanha, Inglaterra e Portugal. Em Portugal, o Arcadismo teve início em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, que tinha como lema “Inutilia truncat”, ou seja, “cortar o inútil”, expressando o desejo de eliminar os excessos do Barroco. O Arcadismo português durou até 1825, sendo marcado por três fases: a fase neoclássica, a fase pré-romântica e a fase de transição para o Romantismo.

Arcadismo no Brasil

No Brasil, o Arcadismo teve início em 1768, com a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, considerado o primeiro poeta árcade brasileiro. O Arcadismo brasileiro durou até 1808, sendo a última escola literária do período colonial. O Arcadismo brasileiro foi influenciado pelo Arcadismo português, mas também apresentou características próprias, como a valorização da natureza brasileira, a crítica à exploração colonial e o desejo de independência política.

O Arcadismo brasileiro se desenvolveu principalmente na região de Minas Gerais, onde ocorreu o ciclo do ouro e do diamante, que trouxe riqueza, desenvolvimento e conflitos para a colônia. Nesse cenário, surgiu o movimento da Inconfidência Mineira, uma conspiração de intelectuais, militares, religiosos e comerciantes que pretendia libertar Minas Gerais do domínio português. Alguns dos principais poetas árcades brasileiros, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, participaram da Inconfidência Mineira e foram presos, exilados ou executados.

Características do Arcadismo

As principais características do Arcadismo são:

  • Linguagem simples, clara, direta e elegante, seguindo as normas gramaticais e as regras de versificação.
  • Imitação dos modelos clássicos, especialmente os poetas latinos Horácio, Virgílio e Ovídio, e os poetas italianos Petrarca, Tasso e Camões.
  • Uso de pseudônimos pastoris, inspirados nos nomes de personagens da mitologia ou da literatura greco-romana, como Glauceste, Dirceu, Nise, Alceste, etc.
  • Bucolismo, ou seja, a idealização da vida no campo, em contraste com a vida na cidade, vista como corrupta, artificial e infeliz.
  • Fugere urbem, ou seja, a fuga da cidade, expressando o desejo de viver em harmonia com a natureza, longe dos problemas sociais e políticos.
  • Locus amoenus, ou seja, o lugar ameno, que representa o cenário ideal para a poesia e para o amor, composto por elementos como árvores, flores, pássaros, rios, fontes, etc.
  • Carpe diem, ou seja, aproveitar o dia, expressando a ideia de que se deve desfrutar dos prazeres da vida no presente, sem se preocupar com o futuro ou com a morte.
  • Aurea mediocritas, ou seja, a medida de ouro, expressando a ideia de que se deve buscar o equilíbrio, a moderação e a razão, evitando os extremos e os excessos.
  • Inutilia truncat, ou seja, cortar o inútil, expressando a ideia de que se deve eliminar o que é desnecessário, supérfluo ou artificial, buscando a simplicidade e a objetividade.

Principais autores e obras do Arcadismo

Em Portugal

  • Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805): considerado o maior poeta árcade português, destacou-se pela sua poesia lírica, satírica e erótica. Algumas de suas obras são: “Rimas” e “Sonetos”.
  • Antônio Dinis da Cruz e Silva (1731-1799): poeta e jurista, foi um dos fundadores da Arcádia Lusitana. Sua obra mais famosa é o poema heroi-cômico “O Hyssope”, que satiriza o clero e a corte portuguesa.
  • Correia Garção (1724-1772): poeta e dramaturgo, foi um dos principais representantes da fase neoclássica do Arcadismo português. Sua obra mais conhecida é a comédia “Assembleia ou Partida”.
  • Marquesa de Alorna (1750-1839): poetisa e aristocrata, foi uma das poucas mulheres que se destacaram na literatura árcade. Sua obra poética abrange temas como o amor, a natureza, a religião e a política.

No Brasil

  • Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): advogado e poeta, foi o precursor do Arcadismo brasileiro. Sua obra mais importante é o poema épico “Vila Rica”, que narra a história da fundação de Ouro Preto. Também escreveu sonetos, odes, elegias e éclogas.
  • Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): advogado e poeta, foi o líder da Inconfidência Mineira. Sua obra mais famosa é “Marília de Dirceu”, uma coletânea de liras que expressam o seu amor pela jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a quem chamava de Marília.
  • Basílio da Gama (1740-1795): poeta e jornalista, foi um dos fundadores da Arcádia Ultramarina, uma academia literária que reunia escritores brasileiros e portugueses. Sua obra mais importante é o poema épico “O Uraguai”, que narra o conflito entre portugueses, espanhóis e indígenas na região do Rio Uruguai.
  • Santa Rita Durão (1722-1784): padre e poeta, foi um dos precursores do indianismo na literatura brasileira. Sua obra mais conhecida é o poema épico “Caramuru”, que conta a história do náufrago português Diogo Álvares Correia e seu relacionamento com a índia Paraguaçu.

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